Paula Cassim

Todo mundo é alguma coisa

Todo mundo é alguma coisa. Já perceberam? Eu nunca tinha parado pra pensar nisso, até passar hoje de manhã por um rapaz com uma camiseta (uniforme da empresa), escrito atrás: “fiscal de pisos”.
Todo mundo é alguma coisa, gente. O que você é?
Fiquei reparando dentro do metrô. Milhõõõões de pessoas passando por mim. Aí comecei a minha seção: “reparando nas pessoas”.
Reparei em algumas pessoas de calça jeans. Estas pessoas devem trabalhar em algum lugar informal, onde o uso de uniformes e roupas sociais não são exigência máxima, pensei.
Reparei em algumas pessoas com roupa social. Com certeza trabalham em um lugar onde é exigência o uso deste tipo de roupa. Às vezes nem tem cargo importante, mas sentem-se assim por estarem com aquela roupa. Às vezes devem odiar ter que se vestir assim e prefeririam mil vezes usar calça jeans, penso.
Reparei em algumas pessoas de chinelo. Fiquei brava. Prefiro nem comentar. Tá, vou comentar. Pensei duas coisas. Primeiro: Com certeza não vão trabalhar. Ou estão de férias ou realmente não trabalham. Pelo menos não naquele período. Segunda coisa: O que leva uma pessoa que não tem obrigação alguma de levantar naquele horário, levantar da cama?
Parei de reparar. Mas continuei com o meu senso perceptível aguçado. Alí tinham várias pessoas e todo mundo era alguma coisa. Secretária, dentista, médico, professor, fiscal de piso, cartorário (ufa!), advogado (será? no metrô?), estudante, jardineiro, pedreiro, ambulante. Todo mundo é alguma coisa. Todo mundo entende mais de uma coisa do que você. Em outras palavras, somos seres especializados!

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