Paula Cassim

Sentindo-me em pleno inverno de 2003…

Sou romântica, sou intensa,  fazer o que? Sou sincera que às vezes até dói. Ele fica irritado às vezes com o que eu digo. Falo verdades inventadas daquelas que nenhuma delas jamais vai ousar a dizer e finjo que não ligo. Ele gosta desta nossa intimidade, de falarmos tudo sem dedos, sem jeito. Amor como nunca mais teremos. Nos entendemos mesmo sem entender. Corro pra perto, corro pra bem longe. Mudo meu caminho para não encontrar. Me pego pensando antes de dormir. De novo, Paula? Não me canso. Me cubro de trabalho. Esqueço por meio dia. Alô? É do cartório? Sim, é sim, eu digo. E começa tudo outra vez. Estou no meio disso. No meio dele, no mesmo mundo. Mesmo nome, mesmo signo, mesma profissão, mesmo bairro, mesmo café de todo dia. Corro em círculos. Me cubro de trabalho novamente. Me desligo do mundo e desfilo pelas ruas do trabalho como se estivesse em Paris. Outro lugar. Insisto em querer esquecer que estamos a poucos metros um do outro.  Mudo de café, mudo de rotina, mudo de nome. Esqueço do signo de virgem e embarco no de Libra. Ando com meu pai. Você tem visto ele? As pessoas não nos deixam. As pessoas não nos deixam esquecer e tornamos a lembrar. Troco de rádio, troco de bar, troco de roupa. Prendo o cabelo para ficar feia e ninguém me olhar. Não quero outro alguém. Preencho o meu vazio com coca-cola, gelo e limão espremido. Nada me faz lembrar. Sinto um alívio por não estar mais lembrando. Vamos pra praia? Convite estragatório. Tudo outra vez. Gente que não deixa esquecer. Pessoas perguntam, pessoas torcem a favor. Só ele não vê. Encontro fotos, escuto músicas, estamos na mesma estação. Nos encontramos, mesmas risadas, mesmo lugar. Abraços únicos, mesmos assuntos, direito, direito, direito. Somos feitos disso. Amamos o que fazemos. Temos orgulho disso tudo. Nos encontramos em meio as nossas coincidências. Temos medo de recomeçar. Temos medo do “tudo de novo”. Fugimos, corremos, mudamos tudo novamente. Até quando? Até a próxima praia, até a próxima música, até a próxima estação. Retomamos, relutamos, somos feitos da mesma cor, do mesmo tom, da mesma dor. Meu inconsciente insiste em ser inconveniente. Atormenta ele, fala coisas para ele não gostar. Tem medo de dar certo porque sabe que dá certo e faz ele se afastar. Temos medo. Somos um. Somos um mesmo tom nas rodas de samba. Nos encontramos em tudo o que somos. Somos o espelho um do outro. E ai eu vivo a vida do meu jeito, ao meu tempo, da melhor forma. Sou metade amor, outra metade também. Sou um girassol que vive por saber que tem um sol. Um sol lindo, conforme a música com seus um metro e sessenta e cinco de sol. Uma luz de fim de tarde que ilumina todos os meus dias até quando eu não o tenho, nestes dias cinzentos, dias gelados, dias típicos daquele inverno de 2003. Vivo feliz ao frio e ao calor que todo este amor insiste em me causar. Tenho você e sou sua para sempre. Só sua. Sempre tive a certeza de que DEUS colocaria você no meu caminho, mesmo sem te conhecer. E assim sobrevivi por dezenove anos. Fato que jamais poderia deixar de te reconhecer quando lhe encontrasse. Brilhou. Acendeu. Tomou conta, agora já era. With or Withour you. Não posso viver com ou sem você. Juntos e distantes. Mas mais perto do que imaginamos. Aqui dentro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *