Paula Cassim

Revolta matinal

Sete e quinze da manhã. São Paulo. Metrô lotado. Pessoas atrasadas. A cidade que não para está com pressa. O metrô para na estação. Um minuto. Dois minutos. Três minutos parado. Nada acontece. Eis que uma voz medonha quebra o silêncio: “Os trens estão circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações por conta de um problema na estação São Joaquim onde há uma pessoa na via.”
Pessoa na via = Pessoa andando nos trilhos.
Pessoa na via = Pessoa tentando se matar.
Pessoa na via = Pessoa torcendo pro trem passar por cima.
Tanto horário pro cara se matar, mas não… o boçal quer morrer fazendo graça. Em pleno horário de pico. Não basta morrer, tem que ser lembrado, assistido, noticiado. Este aí tem síndrome de homem bomba. Em vez de se matar as três da tarde, não, vai logo de manhã. Que nem aqueles seres desprovidos de luz que inventam de querer se matar arremessando-se em plena marginal Pinheiros às 18h05m. Para né. Quer se matar, se mata em casa, pô.

Estritamente inspirada nos pensamentos matinais da minha querida irmã, Natália.  =)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *