Paula Cassim

Paula Cassim

FIQUE EM CASA! Quarentena – coronavírus e talvez a verdadeira lição!

Curiosamente o mundo inteiro parou e foi obrigado a ficar dentro de casa.
Quando conseguiríamos colocar um planeta todo no berço?
Por muitas e muitas vezes ouvimos sobre o aquecimento global, sobre a poluição da atmosfera, das nossas praias, mar, oceanos, céu.
Por muitas vezes nos disseram que a tecnologia nos afastaria de quem estava exatamente bem ao nosso lado. Que muitos de nós já não cultivavam o simples hábito de se sentar a mesa para jantar todos juntos, como uma família. Que a correria do dia à dia, onde nossos horários muitas vezes não batiam, estavam nos afastando daqueles que nos amavam. Quando um chegava o outro saía. Quando todos estavam, cada um ficada trancado em seu quarto, sem tempo, sem diálogo, sem carinho, amor e afeto.
Fomos obrigados a parar. Na marra.
O medo nos uniu, nos fez mais solidários. Passamos a nos preocupar com quem nos cerca. Nos fez pensar no que realmente importa. Nos fez enxergar coisas que antes jamais enxergaríamos. O isolamento social nos fez simplificar nossas vidas e a passar a ter uma rotina com menos luxos, sem saídas, sem bares, sem restaurantes, sem shoppings, viagens e gastos desnecessários, simplesmente porque só podemos sair para comprar comida e remédios. A internet ainda nos permite comprar o que hoje entendemos ser o desnecessário, mas para quê comprar uma roupa nova, uma bolsa ou um relógio caro se temos que ficar em casa, se todos estão em casa e não teremos onde usar?
Finalmente focamos no que realmente importa. A saúde e o bem estar dos nossos, de quem amamos e nos são próximos. O não poder visitar nossos familiares, nos fez sentirmos por todas as vezes que abrimos mão de visita-los para sair por aí.
Estamos de maneira forçada limpando o planeta. Já já olharemos para o céu nas grandes cidades e voltaremos a enxergar estrelas, como há dez, vinte anos conseguíamos enxergar. Curiosamente, aquilo que tememos, o não respirar direito, nos fará respirar melhor. Com pouquíssima frequência de gente pelas ruas, a poluição diminuirá drasticamente e sim, respiraremos melhor, enxergaremos melhor.
Precisamos trabalhar, produzir, muita gente vai quebrar, o recomeço será inevitável para aqueles que conseguirem sair dessa ilesos e teremos que nos reinventar. Aquelas tecnologias que muitos relutaram, o tal do home office, as vendas e atendimentos online e até os entregadores de moto e bike que por muito tempo discutimos sobre, ganharão um espaço enorme e, só quem se adequar, ficará de pé.
Após a quarentena teremos mais tempo?
Eu acredito na mudança. Acredito que passada a fase das brigas e discussões com aquelas pessoas que moram sob nosso teto, mas até então já não passavam de estranhos para nós, vinculados a um convívio simplificado de “bom dia”, “até logo”, “o que tem para o jantar?”… “o que faremos no fim de semana?”… se modificará.
Passado o choque de realidade de ter que ficar confinado, passada a alegria de estar em casa em meio a Netflix e pipoca… quando aquilo tudo durar mais do que um fim de semana, mais do que um feriado prolongado, as pessoas passarão a conviver novamente, a conversar melhor, a compreender as necessidades um do outro, a interagir mais e curiosamente sentirão falta destes momentos quando puderem voltar a sua rotina anormal. E criarão formas de levar a vida de uma forma mais simples, agora tendo aprendido na marra o que são necessidades básicas, o que é importante e a enxergar o medo de se perder e de se ficar longe daquelas pessoas que amam e que os amam. Forçadamente faz-se aprender o convívio familiar ou com as pessoas que você lida diariamente e que por muitas vezes, com a correria do dia à dia, passavam desapercebidas por você entre uma ida a cozinha ou uma passada pela sala.
Aqueles que sempre batiam no peito que gostavam de morar sozinhos e viver sozinhos, aprenderão que é muito fácil ser sozinho quando se pode estar com quem quiser a hora que quiser. Que é complicado se estar sozinho em um momento onde todos estão juntos, se ajudando, unidos. Ficará o aprendizado de que todo mundo precisa ter alguém. Com tanto tempo livre dentro de casa e perto dos que estão contigo sempre, tão juntos e sempre tão distantes, enfim aprender a ouvir e a compreender o outro, ser empático, prestar atenção naquilo que a correria de sempre não nos deixava perceber. E quando nossa liberdade completa for retomada, daremos valor a cada encontro familiar, a cada gole que dermos no bar, a cada respirada profunda olhando para o céu de frente para o mar. Teremos finalmente entendido o grande propósito da vida. E não passaremos mais desapercebidos.
A quarentena é inevitável, nos trancaram para o bem da nossa saúde, sem saber que nos trancar faria bem para todo o resto…. e mesmo que a gente demore muito tempo para perceber isso. 

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