Paula Cassim

CHORÃO – Charlie Brown Jr. … podiamos ter evitado?

Entendo bem o Chorão. Muitas pessoas não entendem, julgam, mas cada um tem uma forma de pensar, de reagir, de sentir. Por mais que se tenha de tudo, que nada falte, que esteja sempre cercado de gente, por mais que o sorriso esteja em forma de semblante para todos, ninguém sabe o que se passa por dentro. E quando sabem, julgam friamente. Porque está assim, se tem de tudo? Porque se nao falta nada? Porque se tem tanta beleza e pode ter quem quiser? Porque? Se as pessoas em volta tivessem tido a sutileza de perceber além do que se tem, do que se diz, teriam certamente enxergado a tristeza que se instalava a cada minuto que passava e teriam tido a gentileza de fazer alguma coisa para evitarem de certa forma toda esta depressão. De nada adianta dizer para seguir em frente, para viver cada dia como se fosse o último, para ser feliz. Só quem está vivendo um grande momento de introspecção, sem vontade de sair de casa, de levantar da cama, de ir trabalhar, vendo as horas passarem lentamente, achando que nada mais faz sentido, que de nada adianta ter de tudo se este tudo não está sendo capaz de trazer a felicidade real, pura, verdadeira, aquela que não se compra, que não se vende, nem ao menos se empresta, só quem está vivendo este momento sabe da sua dor, da sua vontade de sair dessa, mas de não ter forças para lutar por absolutamente nada. Momentos bons, alternados a momentos de desespero. Acontece. Acontece bem debaixo do nariz de todos em volta, se que ninguém perceba. O desespero pode bater um minuto depois de você dizer a si mesmo que quer ficar bem; O desespero pode bater através de uma lembrança em uma fração de segundos, em um medo qualquer, antes do jantar e depois de um banho, quem sabe? Desespero não marca hora. Ninguém sabe o que se passa na vida e dentro de ninugém. Sorrisos e palavras felizes podem vir misturados com doses de tristeza. Chorão era um cara muito melhor do que muitos podiam imaginar. Inteligente, transparecia em suas músicas o que sentia, o que pensava. Algumas pobres almas podem vir a julgá-lo hoje por drogas, por ser skatista, por punk ou por rock, por ter dito o que pensava e ter tido uma personalidade forte. Não queiram compará-lo a bandas, músicos, estilos. Quem somos nós para julgá-lo? Falem bem do trabalho maravilhoso que ele fazia, se vocês se identificarem pelo tal. Se não gostavam, simplesmente respeitem. A memória dele e a de milhares de pessoas que o admiravam ou simplesmente admiravam suas letras. Julgar só mostra que não são dignos de respeito. Ninguém estava na pele dele para imaginar o que se passava. Por melhor que uma pessoa pode estar, em fração de segundos pode bater um desespero enorme por um problema que esteja passando, seja financeiro, seja emocional, seja do que for. Ao invés de julgar as ações alheias, procurem observar os que estão ao seu redor e caso não sejam bons o bastante para ajudar, avisem aos que possuam boa alma para abraçar bem forte, porque melhor do que julgamentos e conselhos, as pessoas precisam por vezes de carinho. Vá em paz, querido Chorão, cara que aprendi a gostar através da minha irmã mais nova e nunca mais deixei de admirar!
“…quem é de verdade sabe quem é de mentira”

Paula Cassim

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